O paulista Otávio Zani graduou-se em Ciências Sociais pela FFLCH USP, o que lhe trouxe uma relação profunda com certas questões culturais hauridas na antropologia. Daí vem as temáticas de seus projetos artísticos,- os vínculos com sua origem, a trajetória da vida, o tempo que se distancia do cotidiano, a memória impalpável com suas falhas e fendas por onde penetra a criação, a invenção e o exercício constante de um olhar crítico para a sociedade.
O ano de 2005, aos 25 anos, marcou o início de sua trajetória no campo artístico, quando passou a fazer parte dos coletivos do Ateliê Espaço Coringa e posteriormente, da Casa Tijolo. Os grupos realizaram exposições em várias cidades do Brasil. Após, Otavio expôs no Atelier Press Papier, na cidade de Trois-Rivière, Canadá mostra individual representando o coletivo Espaço Coringa. Em 2010, apresentou seus trabalhos na coletiva Travesía na Casa Simon Bolívar, em Havana/Cuba, e em 2019, na mostra Xilo, Corpo e Paisagem, no SESC de São Paulo. O artista atuou nos projetos educativos das 29ª e 30ª Bienal Internacional de São Paulo, foi professor de xilogravura no Instituto Tomie Ohtake (2008 e 2012) e artes visuais do projeto artístico pedagógico Fabricas de Cultura e de Projetos artístico-culturais no SESC de São Paulo (entre 2005 e 2019).
As gravuras em metal e xilo fizeram parte de seus primeiros interesses pela técnica e pela linguagem da tradição da arte. Essas linguagens mostram uma primeira característica do trabalho de Otavio: em suas exposições ele procura situar a multiplicidade desse exercício artístico projetado em materiais e suportes. Após um certo domínio desse meio, o artista perscruta a linguagem por outros caminhos; inicia uma certa subversão dos procedimentos e percebe que o peso gráfico é uma fator compositivo que o interessa, bem como, uma certa imperfeição da impressão que dá possibilidade para que a imprevisibilidade comece a pairar sobre os planos gráficos. São várias técnicas executadas com fluidez. Ao passar de uma técnica para a outra e sem que uma sobrepuje a outra, Otavio tece uma rede onde o fazer vai situando as manchas da memória.