Profanações- Giorgio Agamben
Resenha:
Profanações- Giorgio Agamben
Segundo o autor , profano, é aquilo que , de sagrado ou religioso que era, é devolvido ao uso e a propriedade dos homens.
Quer dizer, é aquilo que deixou de ser sagrado , ou ainda, da ausência deste. Perder o sagrado é perder a totalidade de mundo. Digo isso porque profanar significa restituir o uso comum , o que havia sido separado na esfera do sagrado. Tornou-se improfanável, fragmentado, onde o sacrifício, tornou-se mercadoria, como o corpo , a sexualidade, a linguagem, esta na esfera do consumo.
Walter Benjamin discorrendo sobre modernidade disse que, o valor da exposição, quer dizer, o corpo exposto para as câmeras, como um espetáculo, com a perda da aura, banalizando o improfanável. E Marx na oposição, entre o valor de uso e valor de troca, a exposição vazia do resto, e Nietzsche, com a morte de Deus e nas consequências dessa morte. Diz que a negação do mundo supersensível ( como Kant defendia) e dos valores que o constituem acarreta o esvaziamento do mundo sensível, que se vê privado de consistência e de razão de ser- niilismo- a vida humana se tornaram caducos.
O presente em que estamos vivenciando as nossas experiências humanas nos mostra a total descentralização do que somos.
O individualismo, a massificação , acabou com nossa subjetividade, liberdade. Nos remete a perda do sagrado, que significa a indigência do tempo.
Mas é exatamente aí, nessa esfera da profanação – na ausência do ser, surge a necessidade do diálogo, é preciso que haja tal perda para se traçar o caminho do sagrado.
Numa linguagem autenticamente trágica, o original, o que está sempre a cria-se, é o surgimento do individual, e é através desses jogos de seduções e de profanações que fotógrafos, cineastas, poetas utilizam-se para expressar e interpretar o nosso modo de viver, da nossa época. A profanação do improfanável é a tarefa política da geração que vem.
Loly Demercian