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Exposição “O papel do artista”

Marco Piatan

Marco Piantan. O Papel do Artista

O espaço vazio se torna cheio, a leveza da forma pesa no espaço, o material se altera, se transforma e se multiplica em ondas, cortes, recortes, papel. Papel do Artista, papel de um artista, Marco Piantan.

Piantan é múltiplo, assentado nessa mostra está sua produção de artes visuais, plásticas, espaciais e ambientais, que vão se desdobrando desde a leveza do papel, passando pelo vídeo e, explorando a nobreza do mármore.

Sua obra é política em essência. Busca determinada estética, de atingir e de afetar, num lugar que mantém a beleza, em uma construção atual apreendida numa linguagem contemporânea. Sua obra é lúdica, inebriante, como num sonho colorido, como óculos que nos servem a ver o mundo como um artista o vê, nesse caso, transcodificado pela imaginação das formas e das luzes.

A exploração de certa crítica contundente, quase agressivamente desviante, que se coaduna com o amor, com referentes de encontros de formas de corpos que se abraçam, se tocam e se tornam objetos fora do tempo, em seus leitos e coitos, erotizados e desejantes do viver.

Marco Piantan tem amor pela vida, vem de uma história de poesia, de música, de teatro, de amizades da rua, de exploração dos ensinamentos dos Sertões e da favela. É artista, é educador, professor da educação básica. Um dia me falou assim: – Na escola pública estou reinventando a educação. E está mesmo. Na luta, no crescer junto, no compartilhar, no reinventar o pátio como lugar da imaginação. A instância da educação, é outra faceta que impregna  suas obras, porque são sempre diretas no se relacionar, curiosas no investigar, estimulando o pensamento, mas antes de mais nada, seduzindo o sentimento. Emocional e racional, tem cortes e recortes, pode-se notar linhagens, paulistanas, geométricas, mas sem descuido com um mundo natural, ecológico, argiloso.  

A presente exposição na Casa Galeria, traz a público a produção dos últimos anos de trabalho de Piantan, na qual a escultura, o tridimensional, figura como uma pesquisa singular e extremamente bem executada. As faturas finais de suas cerâmicas, bronze, pedra sabão e mármore têm resultado em trabalhos de extremo refinamento e força visual. Se estabelecem como objetos artísticos que transformam o espaço em seu entorno, alteram e cativam a percepção de quem quer que se aproxime de sua aura presencial. Cabe especial interesse a essa qualidade presente nas esculturas, porém, o conjunto todo da mostra precisa ser lido em sua completude e complexidade. Há sempre poesia em cada expressão que Marco Piantan coloca no mundo, há sempre lugar para beleza, reflexão e amor. Sua busca, citando aqui a parte final de seu poema Flor Castigada, é que  

A VIDA SEJA TRATADA COMO A MAIOR RIQUEZA DE NOSSAS ALMAS.
Esse é O Papel do Artista.

  • Evandro Nicolau

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