Artistas da coletiva: Azeite de Leos, Bruna Vallim, Gustavo Prata, Lucas Gervilla e Raphaelle
Em entrevista concedida a jornal de grande circulação (O Estado de São Paulo, ), o cineasta Gianfranco Rosi, discorreu sobre o documentário “Noturno”, que retrata o cotidiano de pessoas devastadas por guerras, sinalizando uma paisagem desértica de solidão, cujo cenário se confunde com os tempos atuais de pandemia. Há uma clara identidade nas duas situações, bastando substituir-se a expressão solidão por silêncio, como se o tempo parasse numa autêntica suspensão das certezas.
A presente exposição trata justamente desse hiato: o silêncio e a intimidade se revelando nas incertezas, num profundo vazio de repetições, causando uma verdadeira devastação psicológica nas pessoas. Uma realidade que não lhes pertence, resultando angústias e reflexões sobre uma nova idiossincrasia do mundo, num tempo em que suas narrativas são traduzidas pelas memórias de um tempo vivido, buscando uma realidade distinta, que outrora se mostrara mais feliz.
SINGULARIDADE DA PANDEMIA
Curadoria e texto crítico Loly Demercian 02.07.2021
A exposição coletiva Singularidade da pandemia é fruto da produção de 5 artistas, que mostrarão suas pesquisas e suas experiências a partir da seguinte indagação: Como a arte viu, passou e interpretou esses momentos difíceis que decorrem da pandemia?
O ano de 2020 parece ter inaugurado o século XXI como um período sombrio que representa a ocisão de sonhos e ilusões. Em entrevista concedida a jornal de grande circulação (O Estado de São Paulo, caderno especial H2, 30/03/2021), o cineasta Gianfranco Rosi, discorreu sobre o documentário “Noturno”, que retrata o cotidiano de pessoas devastadas por guerras, sinalizando uma paisagem desértica de solidão, cujo cenário se confunde com os tempos atuais de pandemia. Há uma clara identidade nas duas situações, bastando substituir-se a expressão solidão por silêncio, como se o tempo parasse numa autêntica suspensão das certezas.
A exposição trata justamente desse hiato: o silêncio e a intimidade se revelando nas incertezas, num profundo vazio de repetições, causando uma verdadeira devastação psicológica nas pessoas. Uma realidade que não lhes pertence, resultando angústias e reflexões sobre uma nova idiossincrasia do mundo, num tempo em que suas narrativas são traduzidas pelas memórias de um tempo vivido, buscando uma realidade distinta, que outrora se mostrara mais feliz.
LUCAS GERVILHA
O artista Lucas Gervilla vai nos apresentar um vídeo e fotografias sobre imagens em movimento. Elas serão colocadas em uma velocidade muito lenta, em torno de 5% do andamento original, propondo uma dilatação temporal, assim como acontecem com nossas memórias. As cenas são sobrepostas, borrando as imagens e não permitindo que o conteúdo seja facilmente reconhecido. É possível ver em câmera subjetiva um olhar que p corre objetos deixados pela casa: fotos antigas que são trazidas para próximo da lente de filmagem, maços de baralho, troféus de torneios de truco, imagens de santos católicos, garrafas e outros itens ordinários que fazem parte do seu imaginário familiar. O áudio reproduz sons captados durante aquele dia de gravação. É possível ouvir pássaros do lado de fora casa, gavetas sendo abertas, vozes de transeuntes na rua e os passos sobre os restos de madeira e folhas secas que cobrem o chão. O intuito de combinar esses recursos é representar a forma fragmentada de arquivamento das nossas lembranças e mostrar que algumas memórias são apenas como um vulto passageiro ou uma voz cada vez mais distante, que se esvai na lejanía.
Ao longo do trabalho é possível ouvir o pai do artista rememorando momentos de sua infância: ele fala como era o quintal dos fundos e quando foram feitas as obras de saneamento básico no bairro, transformando a rua em um parque de diversões para as crianças. Ele comenta que sua percepção de tempo daquela época era diferente da de hoje, e como isso possibilitava outros tipos de relações interpessoais com seus pais e irmãos. À medida que vão se passando os sete minutos da obra é possível notar como o conteúdo da fala do pai percorre aspectos da nostalgia reflexiva e restaurativa, sugerindo, ao final, uma reforma da casa física e sua preservação. “Rua Belém, 58” tem um caráter experimental, no sentido de usar vivências pessoais para “testar” como as diferentes formas de nostalgia afetam nossas memórias. Embora tenha momentos de nostalgia reflexiva, paradoxalmente manifesta o desejo literal de restauração da casa, mesmo sabendo que isso não poderá reviver o passado. Seu trabalho, tal como as palavras, faz referência a objetos, propriedades, estados anímicos etc., cumprindo uma dupla função: demonstrar ou apontar características de determinada coisa e, ao mesmo tempo, conotar, ou seja, dar sentido às suas propriedades. Ele ganha, dessa forma, um significado denotativo (ou demonstrativo de intenção) ou um significado conotativo (de demonstração de qualidades), provocando a sensibilidade e a curiosidade do espectador. Restaurativos ou reflexivos, todos nós carregamos algum grau de nostalgia e lidamos com ela de formas particulares. Tentar livrar-se dela pode ser um processo exaustivo, que vai culminar em uma produção ainda maior de imagens em nossas mentes, as quais não podem ser facilmente apagadas. Por outro lado, podemos conviver com nossa nostalgia e apreciarmos as imagens produzidas por ela.
BRUNA VALLIM
A artista Bruna Vallim vai nos apresentar vídeo e desenhos. “Bordas” trará uma poética sobre a desconstrução. Consiste na experimentação em videoarte, por meio das técnicas de cut-up’s e datamosh. A sequência de imagens resulta num discurso narrativo não-linear de construir e desconstruir, espelhando um olhar do dentro e fora da cena. Cria-se dessa forma uma poética modular sobre bordas. A artista incorporou duas técnicas para criar essa sequência de imagens: a primeira delas, o cut-up, que tem o intuito de construir um plano- sequência, com o objetivo de apontar um cenário, um roteiro de edição; a segunda técnica, o datamosh, presta-se a desconstruir a imagem codificada, gerando um conflito entre o que seria um vídeo “ideal”, na sua forma clássica cinematográfica, para um novo jeito pensar a imagem, como um código aberto às intervenções e ruídos, com a possibilidade de pensar camadas, tal como na pintura. A primeira técnica dos cut-up’s, deita raízes em William Seward Burroughs, um artista visual que foi precursor da forma de se pensar uma sequência de vídeo, criando The Cut Ups em 1966. De maneira despretensiosa, a artista cria uma história na qual o espectador tenta reunir de forma visual essas imagens, criando uma ideia em si de que há uma história com começo, meio e fim. A repetição é um ponto chave dentro do cut-up. Acentua o pensamento sobre o objeto observado e provoca um sentido de querer avançar a narrativa para um desfecho final.
A segunda técnica, o datamosh, é um programa que funciona modificando o código das imagens, subtraindo pedaços, ou as colocando de maneira intercalada/em justaposição. Como resultado, temos um vídeo que problematiza a forma de pensar a edição videográfica, o discurso narrativo não-linear, a mise en scene com o dentro e o fora das bordas das imagens; a história de um dia de caos na cidade e o desejo reprimido de um olhar que se imagina transportando dali para longe das metrópoles.
GUSTAVO PRATA: INSTALAÇÃO E COLAGEM
Gustavo Prata debruça-se em sua pesquisa sobre itens cotidianos e de consumo para dotá-los de papel simbiótico dentro de sua vivência. Assim, remove sua artificialidade e lhes concede corpos híbridos, congelando estados emocionais no tempo para transformar sensações em objetos e vice-versa. Gustavo usa como técnica a colagem; o papel como matéria prima. Nota-se uma escultura feita de papel marche ou sobreposições de várias embalagens dando formas tridimensionais; papel dobrado, com uma pequena profundidade, focando as vezes nas rebordas ou a arestas. Todo o restante, atrás e na frente, mas sempre desfocando o produto inicial de uma embalagem, está construindo uma narrativa de formas escultóricas ou planas, mas até as planas tem formas circulares dando a impressão que são as digitais do papel, com profundidade e formas orgânicas. Gustavo trabalha com um assunto polêmico que é a estética da gambiara ou do precário (matérias descartáveis da sociedade de consumo), muito discutida na 27ª Bienal de Arte de São Paulo.
RAPHAELLE FAURE-VINCENT: VÍDEO, SERIGRAFIA E XILOGRAVURA
O trabalho artístico de Raphaelle sempre se alimentou das suas vivências urbanas. Ela é natural da França, mas desde que chegou ao Brasil, tem utilizado a cidade de São Paulo como uma fonte inesgotável de inspiração para criação de imagens. Circula por todos os quadrantes da megalópole sempre buscando referências visuais, grafismo e observando as arquiteturas. Esse misto de linhas, perspectivas, cores e texturas características da nossa Pauliceia Desvairada é realmente o que alimenta o seu imaginário.
Desde o início dessa pandemia esse processo acabou sendo duramente atingido e modificado pela necessidade de isolamento social e restrições naturais impostas à liberdade de locomoção. Em razão disso, ela se voltou para os materiais, fotografias e lembranças que já tinha acumulado e colacionado ao longo desses anos, resgatando alguns projetos que estavam esquecidos no seu disco rígido de seu computador.
Revisitando seus trabalhos e ideias que haviam sido deixados de lado, a artista dedicou mais tempo à produção e criação de imagens digitais. Deu sequência ao processo de captação e interpretação de imagens, fazendo recortes e colagens com esses grafismos, cores, linhas. Tentou, com isso, dar forma para esses flashes da cidade, essas imagens e sensações fragmentadas que estavam ocasionalmente reunidas.
Raphaelle aproveitou o isolamento proporcionado pela pandemia para se redescobrir. Passou semanas observando mais a técnica da serigrafia, pela qual sempre teve muito interesse. Utilizou a técnica serigráfica nela incluindo contrastes coloridos das imagens. Desenvolveu uma série de cartazes baseados nas fotografias da cidade. Em seguida, a partir das impressões, criou as estruturas para incluir as imagens no espaço. Sua ideia é sempre fazer transitar as imagens criadas no espaço, trabalhando-as como volume ou fazendo-as entrar em contato com o volume.
ARTISTA HOMENAGEADA: LEILA REINERT, 1965-2019
FOTOGRAFIA , VÍDEO/ARTE E OBJETO/ESCULTURA
A serie apresentada nessa exposição , são fotos noturnas tiradas dentro da casa com longo período de exposição – o diafragma da câmera permanece aberto por muito tempo. Repetir talvez seja o ato capaz de sintetizar as fotos aqui apresentadas. Repetições do olhar. Como pode o hábito, inimigo maior da criação, tornar-se mote de um processo artístico?
Estou falando de condicionamento, de rotina e não de disciplina ou perseverança. De hábitos. O ligar no automático, tão falado. A desatenção pelo já conhecido, reconhecido, habitual.
A casa abriga repetições diárias. As manias. Os deslocamentos do corpo. O lado da cama. O lugar à mesa. As sequências: açúcar/leite/café, música/banho/jornal, etc., meros detalhes mas que constituem nosso estar no mundo. É preciso inventar estratégias, provocar rupturas no cotidiano para escapar do mesmo. Habituar-se sempre de novo.
A fotografia mostra-se uma valiosa aliada na busca do inesperado, daquilo que nos surpreende no mesmo. A imagem fotográfica, para muito além de ser o registro de um fato ou a avalista da verdade, é sempre criação/invenção de luz. Espaço/tempo fixado num instante. É do fotográfico recortar o espaço e decapitar o tempo transformando a duração do instante numa eternidade. Mágica, química que transmuda luz em imagem material. Como leila falou em um de muitos de seus apontamentos: “Eu quis tentar entender mas acabei deixando o entendimento de lado para poder simplesmente mergulhar na luz. Encontrei prazer na cegueira “.
Mas qual a duração de um instante?
Em instantâneos, muito menos que um segundo. Um pequeno lapso. Em fotos com longo período de exposição, o tempo se alonga e um instante pode durar horas. O diafragma é aberto e a película lentamente bombardeada pela luz enquanto o fotógrafo espera. Quinze minutos. Quarenta. Uma hora ou ainda mais. Quando a foto se revela, é ainda o instante que se apresenta. Mas o instante de um tempo concentrado, denso.
Na distensão do tempo, a casa no escuro da noite ilumina-se reinventando o espaço habitual. As cores do lugar são intensificadas – com ou sem pequenos artifícios técnicos. O corpo enxerga e circula diferentemente nessa outra casa que a fotografia fez surgir. Surpreende- se e habitua-se de novo até o próximo instante. Assim é o trabalho – fotografias que desvendam os espaços do hábito sugerindo um estranho aconchego. “De lá para cá já se passaram sete anos, e deparo-me novamente trabalhando com as questões do hábito. Não mais em uma produção artística, mas na articulação de pensamentos que percorrem a comunicação visual – não exclusivamente – de pensamentos sutis no contemporâneo. De como o hábito participa dos processos mentais de aprendizagem e memória, que organizam a percepção humana, o modo de digerir e de se dirigir ao mundo, e de sua atuação na constituição da consciência, de uma mente conhecedora do ato de conhecer”. Leila Reinert ,2005. Hoje, muitas das relações entre hábito e comportamento são engendradas na vida cotidiana, em especial, por tecnologias refinadas, que multiplicam, cada vez mais, seus artefatos de comunicação. São inúmeros os exemplos: do apito da chaleira, que indica a água fervendo, aos GPSs, celulares, computadores, ipads etc., e até mesmo geladeiras, que direcionam nossas ações no mundo, que nos fazem contrair novos hábitos. Nas pesquisas realizadas sobre a artista Leila Reinert, ela cita dois artigos de jornais , e lendo nada mudou para os dias de hoje , aqui esta um trecho: […]Cito, neste momento, duas matérias de jornal: “Existo, logo vivo em piloto automático“ e “Abandonando os velhos hábitos”. São títulos da coluna LENTE, dos dias 16 e 23 de fevereiro de 2009, respectivamente, do caderno “The New York Times”, que circula todas segundas-feiras no jornal Folha de São Paulo. Antenada aos resultados das pesquisas mais recentes sobre ciência e comportamento, a coluna, parece, apresenta as tendências dos modos de ação do ser humano no traquejo com o mundo artificial(material).
Das idéias apresentadas nos artigos, grosso modo, pode-se extrair, primeiro, que com as facilidades atuais, o ser humano não quer saber de tomar decisões complexas, ele fica confuso, indeciso, e opta por funcionar no piloto automático. Um consumidor indeciso não é bom para os negócios. Assim sendo, é preciso desenvolver mecanismos que auxiliem a tomada de decisões, facilitem as escolhas, torne-as mais adequadas às mudanças de hábito necessárias para se alcançar uma sustentabilidade planetária. Apesar da aparente simplicidade dessas idéias, ou de como elas foram apresentadas, os hábitos e os condicionamentos, aliados à sensibilização, têm importante participação na constituição da consciência, de uma consciência com sentido de self, da qual somos todos portadores.
Para Deleuze(2009, p. 116), o hábito é contração. Não a contração da “ação instantânea que se compõe com outra para formar um elemento de repetição, mas da fusão desta repetição no espírito que contempla”. E mais, ele questiona se o próprio eu não é uma contemplação – “se não é em si mesmo uma contemplação”, se se partir do pressuposto que a construção de si, e o comportamento que dela resulta, só se forma contemplando, contraindo hábitos. O habituar-se, em Deleuze, não se dá pela
repetição do mesmo, mas por repetições internas mais elaboradas, que implicam extrair da repetição algo de novo, de diferente. “Contemplar é extrair”. “Agir nunca é repetir”. Por mais que pareça confuso, complicado, assimilar conceitualmente essas questões, principalmente pela complexidade do pensamento filosófico, torna-se tudo um pouco mais acessível quando se encontra exemplos palpáveis. O corpo é um bom “objeto” para a verificação desses conceitos. As atividades físicas são efetivadas pelo hábito, por repetir, repetir, e repetir indefinidamente determinados movimentos corporais. A cada repetição, o corpo contrai, extrai, contempla, forma comportamento, e forma a si próprio, repetindo diferentemente os movimentos habituais. Acompanhar a formação de um atleta, de um praticante de ioga, é perceber no presente vivo a diferença encontrada entre duas repetições.
Quando Deleuze refere-se a filosofia de Gabriel Tarde, para falar sobre o problema do hábito, ele afirma que “o que Tarde censura em Durkheim é tomar como dado o que é preciso explicar, ‘a similitude de milhões de homens’”. Segundo Deleuze, “Tarde instaura uma microsociologia”, que “mostrará como a repetição soma e integra pequenas variações, sempre para revelar o ‘diferentemente diferente “. Mas de que modo tudo isso se conecta com as tendências dos modos de ação atual do ser humano no traquejo com o mundo artificial apresentadas no jornal? Tomar como dado o que é preciso explicar. Hábitos, condicionamentos e sensibilização estão para além da simplificação proposta, que resulta no comportamento automatizado das pessoas. E é possível explicar esses processos, não somente a partir de uma abordagem filosófica, mas com o apoio da biologia molecular, que voltou sua atenção para a compreensão da natureza biológica da mente humana e propiciou um outro entendimento do conjunto de operações desempenhadas pelo cérebro, que são realizadas por circuitos neuronais especializados em diferentes áreas cerebrais. É via a biologia da mente que os processos mentais de aprendizagem e memória que organizam a percepção humana, serão aqui, primeiramente, observados.
Percebemos que essa pesquisa de Leila esta atrelado diretamente na atualidade , que o habito tornou-se algo muito presente dentro de nossa atual situação de Pandemia , e não estamos sabendo lidar com essa nova realidade. O habito habita dentro de nós, agora mais do que nunca, e começamos percebe-las , e tentamos mudá-las. Os trabalhos aqui escolhidos para essa exposição flagra essa realidade , nos colocando a pensar , e com isso resignificando nosso cotidiano.
AZEITE DE LEOS
Azeite de Leos apresenta composições que trabalham a fragilidade das narrativas cotidianas, dialogando e transpondo as impressões de uma permanência e impermanência transitória.
Nos processos de elaboração dos trabalhos, os materiais utilizados pelo artista, perpassam por processos de impressão, apresentando as transposições de marcas de oxidação, passagem do tempo em conjunto com outros materiais. Processos de decollage para retirada da matéria dos elementos que compõe o muro, apropriando-se das camadas e das superfícies, trabalhando em suas composições os índices da passagem do tempo.
Na instalação intitulada 23º 31’48” S 46º 41’58” W (Entre lembrança e esquecimento), Azeite de Leos utiliza tecidos embebidos em tinta e processos de impressão, decollage, para retirar e apropriar-se das marcas da passagem do tempo: desgastes, fragilidade, fuligem, lacerações, oxidações e acúmulo de resíduos de um muro específico dos arredores do bairro onde cresceu e trabalha. As coordenadas indicam o local específico do muro, que hoje, já não existe mais. Posteriormente, por meio de processos de impressão da monotipia, as coordenadas e o subtítulo (signos e símbolos) são inseridos, com a intenção de trazer a visualidade da palavra e de ressignificar elementos. Reter lembranças rememoradas na matéria retirada/apropriada como registro de permanência.