Kika Goldstein
Sobre a Artista
A artista Kika Goldstein, natural de São Paulo, nasceu em 28 de setembro de 1984. É Bacharel em Artes Visuais pela Faculdade Santa Marcelina, 2007, São Paulo. Participou de várias exposições internacionais coletivas realizadas em Lisboa (Portugal, 2005 e 2009), Paris (França, 2009 e 2010), Frankfurt (Alemanha, 2010), Rotterdam (Holanda, 2014) e Mônaco (2015). No Brasil, expôs São Paulo, Araras (São Paulo) e Rio de Janeiro.
Memórias perceptivas – cor, forma espaço será a quinta mostra individual da artista.
Kika Goldstein nos diz que suas memórias são uma fonte profunda de pesquisa para seus trabalhos. São memórias trazidas de um fundo original, de um tempo e um espaço não, totalmente, decifráveis. Manifestam-se por meio de um som, um odor, uma cor, por tecituras e atmosferas. Esses indícios de memória penetram, segundo a artista, numa compreensão maior, ou seja, num estado criador, num desejo como força produtiva que busca relações entre o que pode ser lembrado e sua experiência contemporânea de mundo da vida.
Kika desenha intenções pesquisadas em suas origens criadoras, orquestrando heranças próprias, referências fundamentais da arte e do interrogar incessante sobre sua atualidade como artista. É um exemplo, sua descrição da construção pictórica pelas massas de cor na busca dos recortes de uma memória esquecida. O olhar movimenta-se à procura de uma arqueologia de formas soltas, fragmentadas e coloridas que, algumas vezes, juntas outras isoladas, lançam-se num espaço matérico.
Nas palavras da artista,- “…as formas dançam no espaço do suporte e oferecem-se ao olhar…” e “…por vezes, vemos cores-formas querendo transgredir os limites do espaço da tela e alcançar a profundidade vivida.”
Com seus recortes, encontros das imagens, velando ou entrelaçando sua plástica de mundo em jogos compositivos, Kika Goldstein nos deixa a impressão que sua visão artística fundamenta-se na crença que a arte pode estar a serviço da cultura: na troca entre as várias dimensões do mundo da vida, a artista procura tecer em visualidades um lugar com a presença do olhar e do pensar sobre o mundo.
O que presenciamos, em primeiro lugar, é a relação da artista com seu ofício,- seus esboços, desenhos, aquarelas e óleos são trabalhados por meio de um amplo estudo dos procedimentos a serem usados. Junto a essa característica, sua estreita relação com a pintura fundamenta reflexões sobre a construção da linguagem artística: a pesquisa sobre a cor, a forma que pode envolvê-la, suas texturas e materialidades são referenciadas por pensadores como Merleau-Ponty e Didi-Huberman.
A pintura é uma forma de pensar o mundo, é estrutura de conhecimento e um modo de projetar percepções, sínteses de vivências.
Em Memórias perceptivas – cor, forma espaço, exposição que a artista abre em 10 de outubro na CasaGaleria – Oficina de Arte, o visitante tem a possibilidade de adentrar esse universo e perceber que Kika Goldstein, ao estar empenhada em demonstrar seu pensamento artístico, desenvolve um trabalho lógico e construtivo sustentado pelas interrelações existentes entre a realidade dada e aquilo que a sustenta por dentro, ou seja, entre a pintura e a apreensão inquietante de mundo.
Carmen Aranha
Loly Demercian